Pesquisa das Universidades Federal (UFPE) e Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) revela que substância extraĂda da planta nativa regenera os tecidos
Substância extraĂda da resina do cajueiro, planta nativa brasileira, tem propriedades cicatrizantes. Pesquisa realizada pelas Universidades Federal (UFPE) e Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) revela que membrana feita a partir do polissacarĂdeo inibe em atĂ© 77% a formação de edemas, que Ă© o inchaço da pele, e tem a capacidade de regenerar os tecidos.
O estudo, realizado em camundongos, mostrou que lesões tratadas com a membrana cicatrizaram nĂŁo apenas superficialmente. “A análise das camadas inferiores da pele mostrou que a recuperação foi profunda”, revela a quĂmica Ana Porto, do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal da UFRPE.
Os pesquisadores sabiam que polissacarĂdeos, compostos formados por açúcares, sĂŁo efetivos no tratamento de lesões da pele. “Quando extraĂmos o polissacarĂdeo do cajueiro decidimos testar se tambĂ©m tinha essa ação e o resultado foi positivo”, conta a engenheira quĂmica Maria das Graças Carneiro da Cunha, do Departamento de BioquĂmica da UFPE.
A pesquisa foi feita em 2006 e os resultados publicados no ano passado em duas revistas cientĂficas (uma brasileira e outra internacional). A equipe utilizou 90 camundongos, divididos em trĂŞs grupos, que tiveram lesĂŁo induzida por bisturi. Ana Porto destaca que o procedimento seguiu as regras da bioĂ©tica, e exemplo da analgesia dos roedores. Um dos grupos foi tratado com o polissacarĂdeo, denominado Policaju, outro com soro fisiolĂłgico e outro com ácido ascĂłrbico (vitamina C).
A conclusão do trabalho é de que o Policaju favorece o desaparecimento da inflamação porque regenera os tecidos lesionados. A pesquisa, que contou ainda com a colaboração da médica veterinária Giuliana Viegas Schirato, da Fiocruz do Recife, foi realizada no Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika), ligado à UFPE.
Outra aplicação do Policaju Ă© no revestimento de frutas tropicais destinadas Ă exportação. A pelĂcula Ă© comestĂvel e tem a função de conservar as frutas. Maria das Graças diz que a manga precisa ser colhida ainda verde para evitar que, ao alcançar as prateleiras dos supermercados e frutarias da Europa, nĂŁo esteja apodrecendo.
“Isso acaba deixando a fruta com um sabor indesejável”, diz a engenheira quĂmica. Quando empregado no revestimento de mangas, uvas e outras frutas, o Policaju permite que a colheita nĂŁo seja antecipada. “Por ser comestĂvel, mesmo que persista apĂłs a lavagem, pode ser ingerido sem danos Ă saĂşde humana”, destaca a pesquisadora.
Fonte: Jornal do Commercio, CiĂŞncia e Meio Ambiente, Recife, 7/5/2008.