O governo decidiu contra-indicar os 103 chás depois de passar seis meses revisando 73 estudos que investigavam o efeito nocivo das ervas. ”As informações estavam espalhadas e resolvemos reuni-las em um único trabalho”, explica a coordenadora do Programa Estadual de Plantas Medicinais, Elizabeth Michiles. Claro que uma xícara de chá de camomila não faz ninguém abortar. Mas, como o limite de tolerância varia de mulher para mulher, o governo preferiu listar todas as espécies que oferecem risco, mesmo que pequeno. ”Não dá para fixar uma dose-limite. O melhor mesmo é contra-indicar o consumo, sobretudo no primeiro trimestre de gestação, quando o bebê ainda não está muito firme no útero”, aconselha Roberto Boorhem, diretor do núcleo de fitoterapia do Instituto Brasileiro de Plantas Medicinais.
Além do potencial abortivo, alguns chás devem ser evitados nos primeiros meses de gravidez porque podem causar malformação do bebê. É o caso do hortelã-pimenta, da bardana e da quina verdadeira. ”Seu princípio ativo atravessa a barreira placentária e pode causar problemas no feto como retardo mental e encurtamento dos membros”, adverte o obstetra Márcio Coslovsky, diretor do Centro de Reprodução Humana Hungtiton da Clínica São Vicente. Mesmo depois do parto, a mãe que está amamentando não deve tomar infusões como as de alho, ruibarbo e quebra-pedra, que podem provocar cólicas no bebê. Os chás de alcachofra e tanaceto azedam o leite e também devem ser riscados da dieta.
*Texto retirado de:
http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/cadernos/domingo/2002/03/02/jordom20020302006.html