Você já ouviu falar dos compostos perfluoroalquílicos (PFCs)?
Eles são uma classe de produtos químicos cujas propriedades atômicas exclusivas foram exploradas para que fosse possível o seu uso em alguns produtos do nosso dia a dia.
Só para ficar mais claro, os PFCs:
- Compõem o revestimento antiaderente dos utensílios de cozinha (as populares panelas de teflon)
- Fornecem superfícies repelentes de água, óleo e manchas para tecidos e carpetes
- São usados para fazer embalagens à prova de gordura para alimentos gordurosos.
No entanto, como muitos produtos químicos, os PFCs têm alguns efeitos colaterais perigosíssimos.
Por exemplo, só recentemente é que a ciência descobriu que há fortes evidências de que os PFCs podem prejudicar o sistema reprodutivo humano.
Na última pesquisa sobre o impacto dos produtos químicos, uma equipe da Universidade de Pádua, na Itália, descobriu que homens jovens, que cresceram em uma área com água contaminada com PFCs, têm pênis significativamente menores e menos esperma móvel do que aqueles que cresceram com água livre desses compostos.
Isso é assustador!
O autor do estudo, Andrea Di Nisio, e seus colegas usaram uma série de experimentos para chegar à primeira evidência direta de que dois dos PFCs mais comuns – PFOA e PFOS – se ligam facilmente à testosterona.
Resumindo: os PFCs têm um impacto substancial na saúde humana masculina, pois interferem diretamente nas vias hormonais que podem levar à infertilidade.
Descobriu-se que níveis elevados de PFCs no plasma e no fluido seminal correlacionam-se positivamente com a testosterona circulante e com uma redução da qualidade do sêmen, volume testicular, comprimento do pênis e AGD (distância anogenital).
Dá para acreditar?
Para você ter ideia, a AGD reduzida é um marcador de anormalidade reprodutiva masculina.
A região de Veneto, que contém a província de Pádua, é uma das quatro localidades do mundo conhecidas por estarem altamente poluídas com PFCs.
Outros lugares que também sofrem desse mal são a região de Dordrecht, na Holanda, o distrito de Shandong, na China, e o Vale de Mid-Ohio, na Virgínia Ocidental, onde uma fábrica da DuPont despejava um monte de lixo tóxico no rio.
Como o primeiro relatório sobre a contaminação da água por PFCs remonta de 1977, a magnitude do problema é alarmante!
Várias gerações foram contaminadas!
Para piorar, todos os PFCs que foram jogados no ambiente continuam a representar uma ameaça – os cientistas estimam que essas substâncias químicas terão mais tempo na terra do que nós, os seres humanos!
Então, o que podemos fazer?
Segundo Di Nisio, é preciso descobrir urgentemente como remover com segurança os PFCs do sangue.
Ou seja, a prioridade é desintoxicar as vítimas do PFC e só depois arrumar um jeito de fazer com que essa química desapareça do planeta Terra.
O cientista disse ainda que é muito difícil saber quais produtos contêm essa composição, pelo menos lá na Itália.
Dificilmente uma embalagem apresenta a informação “livre de PFOA”.
No entanto, mesmo que apresente, o homem ainda não está totalmente seguro.
Afinal de contas, o PFOA é apenas uma das centenas de compostos do PFC.
Fonte: Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism