Sabe aquele friozinho gostoso que você sente dentro de casa e que dá vontade de ficar enrolado por horas no cobertor?
Pois ele pode te fazer mal para quem tem pressão alta.
É que, de acordo com um estudo publicado recentemente, morar em uma casa mais fria pode ser um fator de risco para os hipertensos.
A pressão alta, ou hipertensão, afeta mais de 100 milhões de adultos nos Estados Unidos.
No Brasil, a doença, considerada silenciosa, já atinge mais de 30 milhões de pessoas, e destes, segundo o Ministério da Saúde, apenas 10% fazem o controle adequado.
Além de ser considerada a doença de maior prevalência na população brasileira, é a principal causa de morte no Brasil.
A hipertensão faz com que o coração tenha que exercer um esforço maior do que o normal e acaba comprometendo o funcionamento de outros órgãos, aumentando, por exemplo, o risco de derrame e ataque cardíaco.
Muitos fatores de risco – como idade avançada, história familiar de hipertensão, dieta não saudável, excesso de peso, tabagismo e consumo excessivo de sódio, açúcar e álcool – já são conhecidos.
Mas agora o estudo realizado na University College London (UCL), no Reino Unido, acrescenta também esse novo fator à lista: a temperatura da sua casa.
Para concluir o artigo de pesquisa – intitulado “Minha pressão arterial está baixa hoje, você ligou o aquecedor?”, foram coletados dados de 4.659 indivíduos com 16 anos ou mais.
Inicialmente, cada participante preencheu questionários sobre fatores de estilo de vida.
Em seguida, receberam a visita de uma enfermeira que mediu a temperatura ambiente das casas e avaliou a pressão arterial sistólica (pressão máxima) e diastólica (pressão mínima), ou medidas da força de contração do coração e da resistência nos vasos sanguíneos, respectivamente.
Para quem não sabe, uma pressão sanguínea saudável é considerada entre 90/60 milímetros de mercúrio (mmHg) e 120/80 mmHg.
Os pesquisadores descobriram que para cada 1°C de diminuição da temperatura, houve um aumento de 0,48 mmHg na pressão arterial sistólica e 0,45 mmHg na pressão arterial diastólica.
Para os indivíduos nos domicílios mais frescos, a pressão arterial sistólica média foi de 126,64 mmHg e a diastólica foi de 74,52 mmHg.
Aqueles nas casas mais quentes foram 121,12 mmHg e 70,51 mmHg, respectivamente.
A relação entre a temperatura interna e a pressão arterial foi mais pronunciada nos participantes que não se exercitaram regularmente.
Ou seja, o aumento dos níveis de exercício pode ajudar a reverter os potenciais efeitos negativos da vida em temperaturas mais baixas.
O autor sênior do estudo, doutor Stephen Jivraj, do Instituto de Epidemiologia e Cuidados de Saúde da UCL, disse: “Nossa pesquisa ajudou a explicar as taxas mais altas de hipertensão, assim como o potencial aumento nas mortes por derrame e doenças cardíacas nos meses de inverno, sugerindo que as temperaturas internas devam ser levadas mais a sério nas decisões de diagnóstico e tratamento. É importante considerar que pessoas que vivem em lares mais frios podem precisar de doses mais altas de medicamentos“.
Ou melhor: praticar mais exercícios.