O que devemos fazer quando nem o álcool que passamos nas mãos para desinfetá-las tem mais efeito?
Qual o real perigo de conviver com as bactérias ativas em nosso corpo?
Vamos entender melhor o que está acontecendo…
Em 2002, os hospitais australianos introduziram novos procedimentos para ajudar a reduzir as infecções por Staphylococcus aureus.
Uma das principais alternativas era a lavagem das mãos com higienizadores de mãos à base de álcool antes e depois das interações com os pacientes.
A Staphylococcus aureus é uma bactéria que está naturalmente presente na pele e que pode invadir o corpo e causar uma série de infecções.
Pois, como esperado, o desinfetante para as mãos teve o efeito pretendido – novas infecções por Staphylococcus aureus vêm caindo há 15 anos.
Mas acontece que o coautor do estudo, Paul Johnson, observou que o declínio nas infecções por essa bactéria foi acompanhado por um aumento lento nas infecções por Enterococcus faecium.
Ele sugeriu que talvez as bactérias estivessem evoluindo para tolerância aos sanitizantes à base de álcool.
E isso é assustador e muito preocupante.
Embora a ideia parecesse absurda, um experimento foi planejado para confirmar ou negar essa hipótese.
Mas o que a experiência mostrou?
139 culturas de bactéria enterocócica (um micróbio que normalmente vive em nossos intestinos, mas pode causar infecções perigosas e até mesmo sepse se ocorrer em qualquer outro lugar) foram recolhidas de hospitais australianos ao longo dos últimos anos.
Elas então foram tratadas com uma solução de álcool semelhante à usada em desinfetantes comuns para as mãos.
A conclusão é que o álcool etílico mata sim os germes.
Mas é preciso ficar atento: a eficácia dos higienizadores de mãos depende do uso adequado.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que as pessoas esfreguem o desinfetante (álcool) em suas mãos por 20 a 30 segundos.
O problema é que nem todo mundo faz isso.
O uso de qualquer agente antimicrobiano em nível subterapêutico pode levar à imunidade bacteriana e é essa uma das principais causas de resistência a antibióticos.
Ou seja, as bactérias que não foram mortas pelo álcool, seja porque foram expostas por muito pouco tempo ou tiveram uma mutação natural que lhes deu alguma proteção, foram capazes de sobreviver e se multiplicar.
As medidas introduzidas na Austrália para reduzir as infecções por Staphylococcus aureus em hospitais foram amplamente bemsucedidas, mas tiveram o efeito colateral de aumentar o número de infecções por Enterococcus faecium.
Para evitar uma proliferação das bactérias e um risco maior de morte por infecção, é preciso entender que, em primeiro lugar, as bactérias ainda morrem quando colocadas em concentrações mais elevadas de álcool.
Em segundo lugar, essa tolerância aos sanitizantes alcoólicos não se estende a outras práticas de higiene.
A lavagem das mãos ainda é bastante eficaz contra praticamente tudo.
Fonte: Big Think