A história do povo da pele azul é marcada por muito sofrimento e preconceito.
Você já imaginou pessoas nascendo com a cor de pele azul?
É até difícil levar essa pergunta a sério, não é mesmo?
Mas, acredite, isso aconteceu na década no ano de 1820.
O órfão francês Martin Fugate chegou ao sudeste dos EUA, no estado de Kentucky, e se casou com a americana Elizabeth Smith.
Até aqui, parece uma história comum.
Acontece que Fugate havia nascido com uma raríssima condição genética, que permitia sua pele ser azul índigo.
Não, não é um roteiro de ficção científica nem nada parecido.
A medicina explica que isso é possível, caso os níveis de metemoglobina nos glóbulos vermelhos sejam superiores a 1%.
Neste caso, a pessoa não só nasce azul, como também nasce com os lábios roxos e com o sangue da cor de chocolate.
Martin e Elizabeth tiveram sete filhos, quatro deles puxaram ao pai.
Quem pensa que essa alteração se trata de alguma espécie de evolução humana, muita calma!
A ciência acredita mesmo é que a metemoglobinemia pode ser resultado da exposição excessiva de produtos químicos, como benzocaína e xilocaína.
É possível que primeiro essas substâncias tenham causado deficiência numa enzima chamada citocromo-b5, que acabou sendo passada para gerações seguintes.
O problema pode causar graves perturbações no organismo, mas felizmente para Fugates e seus parentes a metemoglobinemia não causou nenhum tipo de problema na saúde.
A prova é tanta que os descendentes do senhor Fugate, que também nasceram com essa rara condição, viveram muito bem por 80 a 90 anos.
Como você já deve imaginar, essa família sofreu muito preconceito e rejeição da comunidade local, o que acabou fazendo com que eles se isolassem em Troublesome Creek, formando um pequeno povoado com péssima acessibilidade.
O problema foi quando os jovens solteiros chegaram na idade de se casar.
Por haver poucas opções, tornou-se comum a união entre parentes.
Essa situação só fez aumentar o número de pessoas com metemoglobinemia, pois a condição é potencialmente mais provável dentro de relacionamentos consanguíneos.
O caso de Martin e Elizabeth é curioso porque ela era branca e portadora de um gene anormal.
Sim, ela também tinha esse mesmo traço genético no DNA!
Isso foi suficiente para que eles gerassem filhos azuis.
O povoado habitado pela família Fugate acabou se tornando uma incrível incubadora para o desenvolvimento de pessoas com pele azul.
As coisas começaram a mudar a partir da década de 70, com a chegada do doutor Madison Cawein.
Atraído pela curiosa história, o médico recrutou a enfermeira Ruth Pendergrass para viajarem até Kentucky, a fim de investigar o caso.
A dupla ficou impressionada com o casal Patrick e Rachel Ritchie, que eram impressionantemente azuis e envergonhados por isso.
Após alguns exames, o doutor Cawein resolveu montar uma árvore genealógica para se certificar do que já suspeitava: metemoglobinemia.
“Mas o que será que estava causando essa condição?” – ele se perguntava constantemente.
Poderia ser a formação anormal de hemoglobina ou, quem sabe, o excesso de vitamina K?
Depois de tantas pesquisas, eis a conclusão: aquela família não possuía a enzima diaforase.
Sabendo disso, o médico aplicou uma dose de azul de metileno, um remédio capaz de transformar a pele azulada na cor rosa.
Apesar de ter sido um momento emocionante, o efeito foi temporário.
Cada vez que faziam xixi, iam perdendo a coloração ganha pela manipulação do medicamento.
Mas o doutor Cawain não desistiu.
Preparou uma fórmula saudável e deixou os comprimidos com a família Fugate, a fim de que ela tomasse diariamente.
Deu certo!
Com a cor rosada da pele, muitos se sentiram confortáveis para socializar com as pessoas de outras cidades.
Assim, o número de casamentos consanguíneos foi diminuindo até se tornar apenas uma lembrança.
E o povo da pele azul passou a ser apenas um relato de uma história triste, mas com final feliz.